Documentação
narrativa de experiências pedagógicas na docência
universitária: profissão
docente em questão
Documentación
narrativa de experiencias pedagógicas en la docencia
universitaria: profesión
docente en cuestión
Narrative
Documentation of Pedagogical Experiences in University Teaching:
Teaching
Profession in Question
Fabricio Oliveira
da Silva
Universidade
Estadual de Feira de Santana, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7962-7222
Jane Adriana
Vasconcelos P. Rios
Universidade do
Estado da Bahia, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-1827-3966
Recibido:
15/03/2021
Aceptado:
28/07/2021
DOI:
https://doi.org/10.48162/rev.36.036
Resumo. Este artigo traz
para a cena reflexiva da docência universitária,
os saberes, as práticas e as narrativas de si que professores,
de uma
universidade pública do Estado da Bahia, Brasil, produzem ao
documentarem suas
experiências no Ensino Superior, numa interface com a
formação de professores
para atuação na escola básica. O objetivo do
estudo foi compreender a profissão
docente tecida por professores do Ensino Superior no cotidiano de
práticas
educativas desenvolvidas na universidade e sua relação no
processo de formação
inicial de professores para a atuação na
Educação Básica. Ancora-se numa
metodologia qualitativa, tendo como método a
documentação narrativa de
experiência pedagógica, conforme princípios
postulados por Suárez (2007). Os
resultados sugerem que as experiências pedagógicas e
educativas de professores
universitários emergem, também, da prática
profissional na universidade, em
contextos de relação com os estudantes. As narrativas de
si revelam como a
profissão docente é tecida em escolhas e movimentos que o
professor produz ao
documentar suas experiências, constituindo um princípio de
horizontalidade que
emerge do trabalho colaborativo e do modo próprio como cada
professor faz
imersão em sua história de vida, de
formação acadêmica e atuação
profissional
para produzir saberes e vivências na docência
universitária.
Palavras-chave:
Profissão docente, Formação de professores,
Documentação narrativa
de experiência pedagógica.
Resumen. Este
artículo trae al escenario reflexivo de
la docencia universitaria, los conocimientos, prácticas y
narrativas de si que
los docentes, de una universidad pública en el Estado de
Bahía, Brasil,
producen al documentar sus experiencias en la Educación
Superior, en una
interfaz con la formación de profesores. El objetivo del estudio
fue comprender
la profesión docente tejida por los docentes de educación
superior en las
prácticas educativas cotidianas desarrolladas en la universidad
y su relación
en el proceso de formación docente inicial para actuar en
secundaria. La metodología
es cualitativa, utilizando como método la Documentación
Narrativa de
Experiencia Pedagógica, según los principios postulados
por Suárez (2007). Los
resultados sugieren que las experiencias pedagógicas y
educativas de los
profesores universitarios también surgen de la práctica
profesional en la
universidad, en contextos de relación con los estudiantes. Las
propias
narrativas revelan cómo la profesión docente se entreteje
en las elecciones y
movimientos que el docente produce al documentar sus vivencias,
constituyendo
un principio de horizontalidad que surge del trabajo colaborativo y en
la forma
en que cada docente se sumerge en su historia de vida. Desde la
formación
académica y el desempeño profesional para producir
conocimientos y experiencias
en la docencia universitaria.
Palabras clave:
Profesión docente, Formación del
profesorado, Documentación Narrativa de Experiencia
Pedagógica.
Abstract: This article brings to the reflective scene of university
teaching,
the knowledge, practices and narratives of self that teachers, from a
public
university in the State of Bahia, Brazil, produce when documenting
their
experiences in Higher Education, in an interface with the training of
teachers
to work in the basic school, The objective of the study was to
understand the
teaching profession woven by higher education teachers in the daily
educational
practices developed at the university and their relationship in the
process of
initial teacher education for acting in Basic Education. The
qualitative
methodology, using the narrative documentation of pedagogical
experience as a
method, according to principles postulated by Suárez (2007). The
results
suggest that the pedagogical and educational experiences of university
professors also emerge from professional practice at the university, in
contexts of relationship with students. The narratives themselves
reveal how
the teaching profession is woven into the choices and movements that
the
teacher produces when documenting his experiences, constituting a
principle of
horizontality that emerges from the collaborative work and in the way
in which
each teacher immerses himself in his life story, from academic
education and
professional performance to produce knowledge and experiences in
university
teaching.
Keywords: Teaching profession, Teacher training, Narrative
documentation of
pedagogical experience.
No
contexto da docência universitária, a profissão
docente é desenvolvida no
exercício diário das relações que o
professor constrói consigo mesmo, na produção
de saberes educativos, bem como na relação com os
sujeitos com quem interage no
processo formativo, tendo em vista os sentidos da
formação desenvolvida no
cotidiano da universidade. Seus saberes didáticos e
pedagógicos - constituintes
da profissionalidade como a concebemos - são mobilizados
diuturnamente, tal
como acontece com os professores da Educação
Básica. A diferença está nas
condições cotidianas de produção e de
ressignificação desses saberes ao longo
do processo. No tocante ao desenvolvimento profissional, a
formação torna-se
constitutiva e basilar. Mas também, outros elementos passam a
figurar nesse
processo, gerando condições para a produção
de saberes inerentes ao exercício
da profissão, dadas as condições em que os
professores se encontram e
vivenciam.
Assim
sendo, torna-se vital que os docentes valorizem e reflitam sobre a
própria
profissão, buscando, nisso, desenvolvimento de atitudes que
ressignifiquem a
ação cotidiana do ensinar e do aprender. São por
meio de atitudes efetivas que
o docente desenvolve experiências na profissão, buscando
ressignificar os
sentidos do seu fazer. Isso sugere que a profissionalidade se apresenta
como
uma dimensão que se coloca a prova a cada experiência
constituída no fazer do
professor. Paira uma ideia de que o docente será mais efetivo na
sua profissão
se desenvolver experiencialmente os saberes que lhe são
constituintes para
lograr êxito no desenvolvimento profissional.
Por essa
lógica, conhecer como a profissão docente é tecida
por professores do Ensino
Superior no cotidiano de práticas educativas desenvolvidas na
universidade e
sua relação no processo de formação inicial
de professores para a atuação na
Educação Básica emerge como foco do presente
trabalho. Neste cenário, o
referido texto centra-se nas narrativas que professores produzem,
documentando
suas experiências e saberes, sobretudo no que tange à
formação de professores
para a atuação na Educação Básica.
Documentar narrativamente as experiências na
docência universitária, traz para a cena do trabalho de
professores na
universidade compreensões em torno de como a
formação cotidiana, tecida na
prática profissional, se constitui como um elemento central para
o
desenvolvimento de uma política de conhecimento cunhada nos
princípios da
experiência pedagógica e de práticas educativas
necessárias a atuação dos
professores da Educação Básica.
A
relação universidade e escola básica tem sido
problematizada por diversos
autores, dentre os quais destacam-se a Gatti (2017) que considera que
as
faculdades de educação não sabem formar
professores. A crítica que essa autora
produz tem um foco no distanciamento entre a formação
ofertada nas
universidades e as necessidades formativas para que os professores
atuem no
cotidiano escolar. Em certa medida, há compreensões em
torno de tal crítica,
mas ela não é de todo verdadeira, uma vez que a
formação de professores tem
sido desafiada a constituir-se a partir do cotidiano escolar e das
dimensões
factuais da profissão docente, que levam em
consideração os saberes que o professor
produz no âmbito da própria profissão, como
defendeu Nóvoa (1995) ao considerar
que a entrada na profissão promove uma continuidade dos
processos de formação,
uma vez que os cinco primeiros anos são decisivos para que o
professor vá
desenvolvendo saberes sobre como se dá efetivamente o seu
trabalho na docência.
Nesta
perspectiva, a profissão docente passou a ser problematizada em
seus aspectos
formativos, em que o chão da escola não significou apenas
uma dimensão de
aprendizagem da prática, mas sobretudo de produção
de aprendizagens
experienciais que, conforme Silva (2017), são elementos
fundantes que emergem
do cotidiano escolar e que visibilizam outros modos de se constituir a
docência
na escola básica. Desse modo, a formação inicial
de professores precisa ser
compreendida na articulação com as demandas que se
insurgem no âmbito das
práticas educativas tecidas na profissão docente na
Educação Básica, em
estreita relação com as práticas educativas dos
professores formadores de
outros professores. Em outras palavras, a docência
universitária, constituída
nos cursos de licenciatura deve ser entendida numa
relação de
complementariedade com a ocorrência das práticas e
experiências que os
professores da Educação Básica realizam, numa
perspectiva de buscar entender
como a formação universitária potencializa a
experiência pedagógica da docência
na universidade que hoje esses professores desenvolvem.
Nessa
perspectiva, é mister conhecer as experiências
pedagógicas dos professores da
universidade, formadores de professores, produzindo interfaces
dialógicas no
que tange aos aspectos colaborativos da própria
formação, bem como das práticas
educativas que os professores universitários desenvolvem. Por
ter documentado
narrativamente as experiências de professores do Departamento de
Educação da
Universidade Estadual de Feira de Santana – BA, esse texto se
desenvolveu a
partir das seguintes questões: Como os professores
universitários, que atuam em
cursos de licenciatura, desenvolvem a profissão docente? Quais
práticas e
saberes são produzidos a partir do fazer cotidiano na
docência universitária?
Como as experiências pedagógicas na docência
universitária dialogam com as
experiências pedagógicas de professores da
Educação Básica?
Assim
pensando, interessou-nos, nas trilhas do dispositivo da
Documentação Narrativa
de Experiências Pedagógicas, não só escutar
os professores universitários, mas
possibilitar que estes reflitam sobre a profissão que
desenvolvem e que possam,
por isso, construir políticas de conhecimento sobre a
docência universitária,
gerando conhecimentos que emergem do cotidiano da sala de aula na
universidade
na relação com a formação e com
práticas tecidas pelos professores da Educação
Básica. Nessa dimensão de compreensiva, há de se
considerar que a relação entre
Educação Básica e Educação Superior
implica num reconhecimento de que em ambas
a profissão docente se constitui a partir dos processos
formativos que nelas se
desenvolvem, mas também das aprendizagens experienciais que se
logram no
cotidiano escolar.
O
objetivo principal da pesquisa que originou esse artigo foi o de
compreender
como a profissão docente é tecida por professores do
Ensino Superior no
cotidiano de práticas educativas desenvolvidas na universidade e
suas
contribuições no processo de formação
inicial para atuação na Educação
Básica.
Para tal feito, o princípio fundante que norteou todo o texto
incidiu nas
dimensões da aprendizagem experiencial para a docência
(Silva e Rios, 2018), na
horizontalidade, (Suaréz, 2007) e na experiência (Larrosa,
2002).
O texto
está organizado em três outras seções,
além desta introdução. Na próxima
seção
seguinte, explicitamos a abordagem metodológica, descrevendo as
ações que
realizamos para produzir a Documentação Narrativa de
Experiências Pedagógicas. Na
seção seguinte, nos atemos a tecer os bordados das
tessituras da Educação
Superior, na interface com a Educação Básica.
Nessa seção, apresentamos alguns
trechos dos documentos produzidos por alguns colaboradores, bem como os
relatos
orais, transcritos dos encontros síncronos, em que os
participantes refletiam a
respeito da dinâmica de documentar as experiências, bem
como teciam comentários
nos textos dos colegas. Por fim, apresentamos as
considerações finais,
evidenciando alguns dos resultados do estudo.
Ao
elegermos a Documentação Narrativa de Experiências
Pedagógicas como dispositivo
de pesquisa, temos a clareza de que ela vai além de se
constituir como um
relevante dispositivo para realização de pesquisas no
campo da educação. Tal
dispositivo, nesse artigo, constitui-se como método de
produção e documentação
de experiências pedagógicas da/na profissão
docente, em contextos de atuação no
ensino universitário. Neste sentido, a ideia é tornar as
experiências
pedagógicas da docência universitária
protagonistas, portanto reveladoras, das
tessituras do fazer dos professores no cotidiano da profissão.
Esse movimento
como revela Suárez (2007) congrega a potencialidade de se
constituir enquanto
uma metodologia que gera uma política de conhecimentos advinda
da experiência
que os professores desenvolvem no exercício da profissão.
Trata-se, portanto de
um método que prioriza o vivido, em que a narrativa se processa
pelas vias das
reflexões, problematizações,
tematizações e constituições de saberes do
cotidiano que se emancipam e tornam-se grandes referências para
se pensar a
profissão docente em suas dimensões formativas e de
processos de
profissionalização.
Assim,
esta é uma metodologia qualitativa, ancorada em
princípios dos trabalhos de
Suárez (2007) através do Programa de
Documentação Pedagógica e Memória do
Laboratório de Políticas Públicas de Buenos Aires
(UBA) que nos mostra que:
La relevancia
que adquiere la documentación
narrativa de las propias experiencias escolares por parte de los
docentes
radica en el enorme potencial que contienen estos relatos
pedagógicos, para
enseñarnos a interpretar el mundo escolar desde el punto de
vista de sus
protagonistas. De esta manera, al tejer sus narraciones, los docentes
nos
comunican su sabiduría práctica y, al mismo tiempo,
permiten a otros
destejerlas para volver explícito lo implícito y
comprender qué hay detrás de
esa sabiduría. Es decir, la narrativa estructura la experiencia,
y los relatos
son una forma de conocerla, reflexionar sobre ella, trasmitirla y
compartirla
con otros. (Suárez, 2007, p.16)
A
documentação narrativa surgiu na Argentina, no
âmbito das políticas
educacionais articuladas ao próprio Ministério da
Educação, Ciência e
Tecnologia. Todavia, surge como uma alternativa formativa aos modelos
heterodoxos de formação, buscando valorizar, legitimar e
tornar públicas
experiências, saberes e processos pedagógicos vividos no
cotidiano das escolas.
Em experiências vividas por alguns grupos de pesquisa no Brasil,
tais como o
Docência Narrativas e Diversidade na Educação
Básica – Diverso, grupo vinculado
ao Programa de Pós-graduação em
Educação e Contemporaneidade – PPGEduC da
Universidade do Estado da Bahia – UNEB, e o Grupo de Estudos e
Pesquisa das
Professoras Alfabetizadoras, Narradoras – Geppan, do Programa de
Pós-Graduação
em Educação da Universidade Federal Fluminense - UFF,
coletivos de docentes tem
se reunido para estudarem e documentarem suas experiências
pedagógicas,
produzindo um momento duplo, de formação e ao mesmo tempo
de produção de
saberes que emergem das experiências de professores que atuam na
Educação
Básica.
Tais
grupos concluem que a documentação também aposta
nessa valorização, legitimação
e publicização de experiências e saberes docentes.
No âmbito do grupo Diverso,
Oliveira (2019) produziu a tese intitulada:
Viagem-formação: Documentação
Narrativa de Experiências Pedagógicas de professores(as)
no ensino médio de
escolas rurais, por meio da qual, o autor se vale da
documentação narrativa
enquanto método para a construção de
políticas de conhecimentos em torno das
experiências formativas de professores a partir das
práticas educativas
cotidianas que estes realizam no seio da profissão docente.
Trata-se da
primeira tese produzida na Bahia, e defendida no âmbito do grupo
Diverso, que
institui a documentação narrativa de experiência
pedagógica enquanto método de
produção de conhecimentos do fazer educativo, gerando
publicações das narrativas
dos professores colaboradores, o que consagra o princípio de
autoria da própria
prática. Nesse trabalho, o autor se dedicou a compreender as
experiências
pedagógicas de docentes no Ensino Médio rural, sendo esse
estudo o primeiro que
se desenvolve no Diverso pelas trilhas da Documentação
Narrativa de
Experiências Pedagógicas, com foco nas práticas,
saberes e experiências de
professores do Ensino Médio. Logo, é no grupo Diverso que
tal metodologia vem
sendo utilizada com professores da Educação
Básica, o que nos mobilizou a, no
âmbito do referido grupo, produzir esta pesquisa que tem
centralidade na
Documentação Narrativa de professores que atuam na
docência universitária.
Na
pesquisa aqui desenvolvida, a perspectiva foi gestar a
documentação narrativa
na relação entre universidade e escola básica,
como experiência incipiente, por
meio da qual os professores universitários pudessem documentar
seus saberes e
práticas produzidos no cotidiano da profissão docente.
Assim, realizou-se a
documentação narrativa com a participação
de 18 professores universitários,
buscando mapear os saberes experienciais que estes produzem na
universidade
enquanto práticas educativas produzidas na
formação de outros professores. Isso
implicou em uma ampliação das experiências com a
documentação, transcendendo o
espaço de sala de aula da escola, chegando à universidade
como forma de
estabelecer entendimentos e diálogos experienciais com quem
forma os
professores que atuam na Educação Básica.
Pensar a
documentação Narrativa de Experiência
Pedagógica significou entendê-la enquanto
uma micropolítica de resistência tecida no, com e pelo
coletivo de professores
universitários, para os quais buscou-se mapear as
experiências da profissão
docente, que significou, para a Educação Básica,
entender as experiências de
formação que esses professores recebem para desenvolver a
profissão docente.
Portanto, a Documentação Narrativa de Experiência
Pedagógica nos ajudou a
pensar a questão da potencialidade da produção de
saberes experienciais que
emergem do fazer cotidiano dos professores, além de ser um
excelente mecanismo
para promoção das redes de formação docente
como organizações complexas,
heterogêneas e, do nosso ponto de vista, horizontais. Elas
apontam para modos
outros de pensar e praticar a formação, viver a
produção de conhecimentos e a
própria pesquisa. Trata-se, portanto, de uma
formação que é investigação e de
uma investigação que é formação.
As
discussões feitas acerca das investigações com
documentação narrativa revelam
modos próprios e fecundos de compreensões
teórico-metodológicos das
experiências educativas como dispositivo de
investigação-formação que
potencializa a memória e as experiências dos docentes.
Assim, compreendemos que
a produção da documentação narrativa
estabeleceu o encontro hermenêutico do
sujeito com o seu vivido não como um acúmulo de
vivências, mas como movimento
reflexivo de constituir práticas em saber. Esta
opção metodológica delineou-se,
também, como uma prática formativa em que as
experiências pedagógicas do coletivo
foram tomadas como dispositivos de
investigação-ação-formação,
revelando o
fazer cotidiano da docência nas diferentes temporalidades que
compõem a
narrativa.
A
documentação narrativa se insurge como um dispositivo que
entrecruza o
individual e o coletivo na medida em que, por meio do diálogo,
de partilhas de
saberes e experiências, gera condições reflexivas
de se conhecer as práticas
que cada um desenvolve e, com os pares, de se pensar distintas
possibilidades
de entender o que se vive no contexto da profissão docente.
Nesta lógica, a
narrativa é entendida na pesquisa (auto)biográfica como
um elemento de
potencial formativo e investigativo, uma vez que é por meio dela
que o sujeito
que narra se anuncia, bem como se denuncia e revela modos
próprios de apreensão
de saberes e práticas que desenvolve no âmbito da
profissão docente.
Existe,
na narração, um movimento que leva o sujeito a formar-se
a si próprio, pela
possibilidade de, na elaboração,
estruturação e organização da narrativa,
constituir aprendizagens experienciais que ganham novas
conotações para o
próprio sujeito que narra, gerando para este uma possibilidade
(auto)formativa.
Narrar, pois, a prática, se constitui em uma experiência
com possibilidades de
formação e (auto)formação para os
professores participantes dessa pesquisa. A
esse propósito, o pesquisador e professor Daniel Suárez
(2007) tem se dedicado
a evidenciar a tessitura das narrativas de experiências
pedagógicas,
considerando-as enquanto um dispositivo de
ação-formação, que tem na narrativa
e na reflexão da prática o alimento do processo de
formação docente.
Trata-se,
em sua teoria, do que o pesquisador denomina de
Documentação Narrativa de
Experiências Pedagógicas. Nesta direção, a
documentação narrativa, proposta por
Suárez (2007), constitui-se em uma ação de
investigação, formação e
indagação
pedagógicas orientada a questionar o universo escolar, no caso
desse estudo, a
profissão docente, a partir da fala de quem a vive, por meio de
relatos
escritos pelos próprios professores e professoras, os quais
devem ser
produzidos e discutidos em momentos coletivos, feitos através de
rodas,
ateliês, entre outros. De acordo com o que preconiza o referido
autor, a
documentação narrativa compreende uma série de
procedimentos a serem observados
para sua concretização, compreendendo movimentos de
escrita, leitura, conversa
e discussão entre os pares. Nesse movimento, percebemos haver a
natureza
formativa do processo, o que nos levou a conceber que a
documentação narrativa
de experiência pedagógica constitui uma ação
que caracteriza esta pesquisa como
uma pesquisa-formação.
A
referida pesquisa que ensejou a Documentação Narrativa de
Experiências
Pedagógicas foi desenvolvida na Universidade Estadual de Feira
de Santana –
UEFS. Os sujeitos da pesquisa foram 18 professores do Ensino Superior,
que
atuam no Departamento de Educação da universidade,
ministrando aulas nos 14
cursos de diferentes licenciaturas que a instituição
oferta. São professores
das áreas de prática de ensino e de política
educacional. Tal contexto nos
permitiu analisar as contribuições das práticas
educativas desenvolvidas por
tais professores, observando como elas se processam enquanto
formações
significativas para o desenvolvimento da profissão docente por
professores da
Educação Básica.
Inicialmente
foi escrita uma carta convite e encaminhada por e-mail a todos os 53
docentes
lotados no referido departamento. No e-mail, convidou-se os docentes
para
participarem de uma roda de conversa, em que se explicaria o processo
de
documentação narrativa, bem como fez-se o convite para
que os professores
documentassem suas experiências na docência
universitária. Responderam ao
e-mail aceitando o convite, 22 docentes, sendo que permaneceram no
processo de
documentação, participando de todos os encontros, 18
professores. Foram
realizados dez encontros, com duração de 3 horas cada,
com os colaboradores,
utilizando a plataforma Google Meet. Ressalte-se que no
período da
pesquisa, entre os meses de julho a dezembro de 2020, no Brasil, assim
como no
mundo, estávamos todos em Home Office, atendendo aos
decretos
governamentais de isolamento social com objetivo de combater a
disseminação da
Covid 19, razão que justiçou o fato da
documentação ter sido feita de forma
remota.
Os
encontros aconteceram quinzenalmente, a partir dos quais foram
produzidas as
etapas da documentação narrativa, inseridas aí a
roda de conversa, primeiro
encontro em que se apresentou detalhes do processo de
documentação e se
organizou os outros 9 encontros. Foi nesse momento que se definiu
realizar
sessões quinzenais com duração de 3 h, cumprindo,
nestas, as etapas da
documentação narrativa, descritas a seguir. Definiu-se
que os encontros
síncronos seriam realizados com uso da plataforma Google Meet
e que
usaríamos, para cumprir a tarefa de postagem e
comentários entre os pares, a
plataforma Google Class.
Entre os
procedimentos e observâncias que Suárez (2007) considera
para que haja
formatividade na Documentação Narrativa de
Experiência Pedagógica, estão
aqueles que adotamos como etapas na pesquisa e, assim, o realizamos.
Foram
eles:
a)
Geração e garantia de espaços para que docentes
possam mergulhar e viver o
processo da documentação narrativa de experiências
pedagógicas, de preferência
em seu espaço/tempo de trabalho, na escola, em nosso caso, na
universidade.
Neste item em particular, por conta da pandemia do Corona Vírus
que provocou o
isolamento social, o espaço foi o online, recorrendo às
plataformas Google
Meet e Google Class para que os professores escrevessem e
falassem
de suas experiências;
b)
Negociação e escolha dos “temas” e/ou
experiências a serem narradas, com foco
no cotidiano da docência universitária em interface com a
formação de
professores para a Educação Básica. Esses temas
eram apontados pelos próprios
professores que iam decidindo, em sua própria narrativa,
trabalhar uma temática
ou uma experiência que lhe fazia mobilizar-se a narrar e
compartilhar com os
pares;
c)
Escrita e reescrita dos textos, através de processos de leitura
e discussões
entre pares (duplas e trios formados para comentarem os textos entre
si,
durante o processo de produção até que este seja
considerado “publicável”).
Essa foi a maior dinâmica da documentação,
atravessando sempre os encontros
síncronos, em que se liam, reescreviam e liam novamente os
textos. Várias
versões iam sendo produzidas e colocadas em pastas em um drive
compartilhado.
Essa pasta continha as versões de cada autor/a, e era
identificada pela
numeração ordenada das versões produzidas. Em cada
versão, conservava-se os
comentários e registros dos colegas. Na reescrita, um novo texto
emergia e
novas discussões no encontro síncrono, após
leitura do material, iam sendo
tecidas;
d)
Edição/revisão dos relatos produzidos, por meio de
leituras e releituras
próprias e de outros, individuais ou coletivas e
interpretação e reflexão
pedagógicas sobre as experiências narradas com consecutiva
“elaboración y comunicación al docente
autor
de observaciones, preguntas, sugerencias y comentários escritos
y orales,
individuales y colectivos, sobre el relato pedagógico em
cuestión” (Suárez,
2007 p. 94). Essa dinâmica foi, também, operacionalizada
na plataforma Google Class, em que os textos eram
postados, e lidos pelos pares. De igual modo eram produzidos os
comentários e
postados para leitura do par e dos demais participantes;
e)
Publicação/publicização da
experiência pedagógica relatada por meio de blogs,
páginas eletrônicas, livros ou outras possibilidades que
façam do relato um
“documento pedagógico”. Nesse aspecto, os textos, da
versão final, foram
publicizados no observatório da profissão docente
[1]
. A versão final gerou um ebook intitulado: O
que narram os
professores do DEDU/UEFS? Experiências pedagógicas da
docência universitária na
relação entre universidade e educação
básica;
f)
Circulação dos documentos narrativos de
experiências pedagógicas entre
docentes. Para concretizar esse procedimento, foi feito, em 17/12/2020,
o
Conversatório de experiências pedagógicas na
Educação Superior. Foi um momento
de promover a apresentação do ebook produzido e de
socializar e fazer circular
as narrativas dos professores colaboradores entre diversos outros
docentes da
universidade e de outras instituições que se fizeram
presentes. O conversatório
foi realizado pelo Google Meet e contou com a
participação de vários
professores/as interessados em conhecer as experiências
documentadas.
Para a
realização do conversatório, foi produzido um
Card, com as devidas informações
do encontro e socializado entre vários professores da
própria instituição, bem
como de outras do estado. Assim, o encontro teve a
duração de quatro horas e
foi dividido em dois momentos. No primeiro, que durou duas horas, em
uma única
sala do Google Meet, com todos os presentes, foi apresentada as
dinâmicas
realizadas na Documentação Narrativa, explicitando como
todos os movimentos
feitos até chegar ao produto final, que foi a experiência
documentada,
publicizada no observatório da profissão docente. Nesse
primeiro momento,
alguns/as professores/as falaram dos saberes, sabores e desafios que
foi participar
da experiência de documentar suas práticas na
universidade.
No
segundo momento, que também teve duração de duas
horas, foi feita uma divisão
para que os presentes pudessem transitar por três outras salas
criadas para que
os narradores pudessem apresentar seu texto à comunidade,
explicitando e
revelando a experiência documentada. A divisão em
três, seguiu a dinâmica de
organização do livro: O que narram os professores do
DEDU/UEFS? Experiências
pedagógicas da docência universitária na
relação entre universidade e educação
básica; que foi possui três partes: A primeira
intitulou-se Narrar as
experiências com estágios supervisionados e PIBID; a
segunda Narrar a
docência com a diversidade e a terceira Narrar a
docência com práticas
de ensino, pesquisa e extensão. Ressalte-se que essa
divisão foi feita com
o objetivo de que cada conjunto de narradores, 6 em cada sala, pudesse
ler e
comentar seus textos e os expectadores interagirem e conversarem com os
narradores, conhecendo cada experiência apresentada. A
divisão em três salas
por partes do livro objetivou garantir que os seis professores de cada
parte
pudessem falar de seu texto e o público pudesse buscar a sala
com experiências
que tivesse maior afinidade e interesse em conhecer.
Tendo
feita a documentação, conforme descrito acima, para esse
texto utilizamos
trechos dos documentos, bem como relatos orais produzidos nos encontros
síncronos para compreender como a profissão docente
é tecida por professores do
Ensino Superior no cotidiano de práticas educativas
desenvolvidas na
universidade e sua relação no processo de
formação inicial de professores para
a atuação na Educação Básica. Tais
encontros foram gravados e transcritos. O
movimento de análise inspira-se no movimento compreensivo
interpretativo de
Ricouer (1996).
No
âmbito da formação inicial, algumas
políticas têm buscado aproximar a formação
à realidade educacional em que a profissão é
tecida. Como prova disso, desde
2007 o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência – PIBID vem se
constituindo como uma possibilidade de que a formação
inicial de professores
seja efetivada, também, a partir das acontecências do
cotidiano escolar, como
defendeu Silva (2017) ao considerar que o PIBID possibilita as
aprendizagens da
profissão docente, em franca formação inicial, por
inserir o licenciando no
ambiente educacional, lócus da produção de
práticas e saberes experienciais do
ser professor. Nesta direção, o referido autor evidenciou
que o PIBID promoveu
uma articulação entre a universidade e a escola
básica, levando para o centro
da docência nos cursos de licenciaturas da universidade as
discussões e
aprendizagens experienciais da profissão docente. Isso, em certa
medida, fez
com que os professores das licenciaturas passassem a considerar,
sobretudo em
aulas de práticas, didáticas e estágios
supervisionados, o cotidiano escolar
como pontos de reflexões para os debates nas aulas. De certo
modo, a tessitura
das práticas educativas dos professores universitários,
formadores de
professores, alteraram-se em função de possibilitar que
as acontecências da
profissão docente fossem sendo demarcadoras do tom do trabalho
pedagógico que
tais docentes realizavam na universidade. Tal ideia se visibiliza na
narrativa
de Fani Rehen, ao considerar que
Em minha
prática, tenho percebido como é necessário
articular o que ensino com a
perspectiva de atuação das estudantes, entende.
Aí, o PIBID me possibilitou
modificar muitas questões do trabalho que desenvolvo na UEFS. Eu
não podia não
considerar essa realidade. Por isso, em minha narrativa essa
experiência
aparece muito e consegue dar um outro tom pra minha prática
profissional na
universidade. (Faní Rehen, relato oral, 2020)
Em
direção semelhante, Maria de Lourdes acrescenta.
O PIBID
mexeu com as formas de ensinar na universidade. Eu precisei trabalhar
os planos
de ensino de modo a possibilitar que o meu trabalho na UEFS tivesse
pautado nas
questões do cotidiano do exercício profissional na escola
básica. Eu me dei
conta, sempre de que estava formando professores e professoras. E isso,
gente,
faz toda a diferença pra articular o ensino da UEFS com a
realidade vivenciada
no dia a dia das escolas públicas em Feira de Santana. (Maria de
Lourdes,
relato oral, 2020)
Nessa
perspectiva, e como asseveram Silva e Rios (2018) a aprendizagem
experiencial
da docência se efetiva, também, na docência
universitária, em que as referidas
professoras, Faní Rehen e Maria de Lourdes, concebem que o PIBID
possibilita
uma articulação outra da docência desenvolvida na
universidade. Emerge uma
dinâmica de acontecências do trabalho educativo na
universidade, que se
ressignifica pela relação com o outro, bem como pela
necessidade de articulação
com as demandas da formação inicial de professores, que
dentre tantas
prerrogativas, há uma visível necessidade de que a
docência universitária
esteja intimamente articulada com as questões da
Educação Básica.
Em seu
texto, Faní Rehen (2020, p. 75) dá um título ao
documento, bastante
significativo e que expressa a articulação entre a
docência universitária e a
docência na escola básica. Com vistas a demarcar a
relação dialógica com os
discentes, que a experiência documentada revela, a autora
intitula seu texto de
modo sugestivo e relacional. Em seu título lê-se:
““O
seu olhar melhora o meu”: A experiência no PIBID a partir
do olhar das
bolsistas”. Com esse título a autora convida os leitores a
conhecerem como a
docência universitária é contaminada, modificada,
atravessada, pelo que as
licenciandas possibilitam ao vivenciarem o PIBID no cotidiano
universitário.
Isso implica numa construção dialógica entre
universidade e escola básica, que
se imbricam pelas acontecências formativas em ambos os
espaços.
Em
seu documento, Faní Rehen nos diz que:
A Universidade
Estadual de
Feira de Santana (UEFS) iniciou em 2013 o
projeto
“Formação Docente na UEFS e a
Integração com a Educação
Básica” com 15
subprojetos, dentre estes, o
subprojeto de Pedagogia intitulado “O que
ensinar e porque ensinar na escola pública: a Língua
Portuguesa como referência
e a diversidade cultural como estratégia docente”, que se insere nesse
contexto, objetivando Propiciar
ações de formação que
possibilitem ao licenciando em Pedagogia a experiência de mediar
processos de aprendizagem da leitura e da escrita na escola
pública da rede
estadual e municipal da cidade de Feira de Santana. (Rehen, 2020, p. 78)
Em outro
trecho de sua narrativa, a professora Faní Rehen assim escreve:
No
desenvolvimento do projeto a articulação com a escola
básica é a grande
conquista, pois estávamos diariamente no espaço da
escola, através das
bolsistas, através de formações que ocorriam com
as professoras regentes das
turmas de educação infantil, além das visitas que
fazíamos para ouvir,
observar, o que tinham a dizer. Essa relação colaborativa
em que os diferentes
sujeitos das diferentes instituições se articulam em
busca de uma melhor
compreensão da docência. (Rehen, 2020 p. 78,)
Rehen
(2020), defende que a profissão docente, na universidade,
precisa ser tecida na
articulação com os processos de formação
inicial de professores, sobretudo em
se considerando as acontecências do cotidiano escolar. É
preciso sair além dos
muros da universidade para estabelecer diálogos direto com a
realidade
educacional em que atua e/ou vai atuar o professor em
formação inicial. Segundo
Silva (2017) o PIBID possibilita que a formação de
professores aconteça no
movimento experiencial da própria docência que se tece no
cotidiano escolar. O
referido autor defende a necessidade de que licenciandos sejam
inseridos no
cotidiano da profissão docente, para produzir a aprendizagem
experiencial da
docência. Em estudos posteriores, Silva e Alves (2020) tem
relacionado a
aprendizagem experiencial à inserção do
licenciando no cotidiano da profissão,
bem como ao contexto de uma relação entre professor e
estudante, a que os
referidos autores denominam de aprendizagem experiencial da
docência por
homologia, o que significa aprender com o outro em
situações adversas da
prática profissional docente.
Em
direção bastante semelhante, o grupo de pesquisa
Docência, Narrativas e
Diversidade na Educação Básica – DIVERSO vem
realizando, no Brasil, a pesquisa
Profissão Docente na Educação Básica da
Bahia, que tem como objetivo principal
cartografar a profissão docente na Educação
Básica do Estado da Bahia, por meio
de um mapeamento do perfil socioprofissional e das experiências
pedagógicas dos
docentes, olhando, entre outras dimensões, para a
formação inicial e
continuada. Ao apresentar um objetivo que versa sobre compreender como
a
profissão docente de formadores de professores é tecida
na universidade em
diálogos com o cotidiano formativo para atuação na
Educação Básica,
estabelece-se uma relação de diálogos
possíveis entre a formação dos
professores e o desenvolvimento da profissão docente, tanto na
Educação Básica,
como na Superior.
Arquitetando
a docência no Ensino Superior, em franca
articulação com a formação de
professores para a escola básica a professora Marinalva Ribeiro
intitula seu
texto de “A arquiteta da Docência
Universitária” (RIBEIRO, 2020, p. 151) e
convida o leitor a trilhar por sua narrativa marcada por diversos
movimentos
formativos, dentre os quais ela ressalta as que logrou no cotidiano da
escola,
quando também foi professora da Educação
Básica. Preocupada em possibilitar uma
formação articulada com as demandas cotidianas dos
estudantes face às
realidades educacionais em seu relato a professora nos diz:
Eu
ultimamente tenho me preocupado muito com os estudantes, com a
relação deles
com a universidade e com a escola. Ser professor não é
fácil, principalmente
nos primeiros anos de profissão. São anos
difíceis, mas de muita aprendizagem.
Eu fico muito preocupada com a formação desses jovens,
futuro professores. É
verdade que precisamos, mesmo, desenvolver a docência na
universidade
arquitetando saberes e práticas que dialoguem com a
profissão de professor.
Principalmente, porque temos que cuidar de nossa profissionalidade, de
nosso jeito
de exercer a profissão docente. Tem que ser com sentido e com
motivação.
(Marinalva, relato oral, 2020)
A
professora Marinalva documenta sua experiência com a
docência universitária,
promovendo francos diálogos com a escola básica,
principalmente ressaltando os
percursos profissionais que desenvolveu nos primeiros anos de
exercício da
profissão docente. Foram experiências que a tocaram, que
aconteceram com ela,
que, conforme Larrosa (2002) provoca uma transformação,
pois acontece com o
sujeito, com aquele que é o sujeito da experiência.
É nessa dinâmica que a
profissionalidade emerge com forte indicativo de que ela se desenvolve
muito
articulada com a experiência do ser professor cotidianamente.
Nessa
lógica, a profissionalidade está vinculada ao processo de
desenvolvimento
profissional, em que, no início do exercício da
docência, os professores tendem
a vivenciar um período de choque com a realidade, de descobertas
e de grandes
impactos que são decisivos para sua permanência ou
não na profissão. Esse ritual
de passagem, tanto para alunos, como para professores, se revela um
período de
descobertas, desafios e dificuldades. Tanto professores
universitários como os
da Educação Básica passam a vivenciar um duplo
processo de aprender a ensinar e
ensinar para aprender (Garcia, 2009).
Assim,
nesse período os professores iniciantes tendem a refletir mais
sobre seus
saberes, sua formação e sua profissão. É um
momento peculiar de retomada sobre
a vida e o que quer dela e de questionamentos, também, de
reflexão sobre a
profissão que desenvolvem. Em relação à
profissionalidade do professor do
Ensino Superior, Garcia (1999), ao remeter a formação do
professor
universitário nos seus primeiros anos de ensino, aponta que a
socialização é um
elemento propício para a aprendizagem da cultura da
organização universitária.
Dessa forma, enfatiza que no desenvolvimento profissional do professor
universitário deve existir a necessidade de desenvolver as
funções de docência,
investigação e gestão.
A
gestão, tanto dos processos educativos que o professor
desenvolve na sala de
aula, como uma gestão de cargos, emerge como modo de tecer a
docência
universitária, numa perspectiva de continuar militando o
exercício profissional
pelas veias da articulação com a comunidade, com a escola
básica, garantindo
que a profissionalidade, também, esteja relacionada às
experiências e desafios
que o docente universitário a si se imputa no âmbito da
profissão. Em um trecho
se seu documento, a professora Rita Brêda Lima enfatiza como a
sua experiência com
a gestão é desafiadora e promotora de desenvolvimento de
aprendizagens. Em seu
texto, ela nos diz:
Outra
experiência importante do meu processo formativo como docente do
ensino
superior tem sido a oportunidade de além de vivenciar o
tripé - ensino, pesquisa
e extensão, ocupar também a gestão
universitária. Faço tal consideração por
hoje ocupar o cargo de Pró-Reitora de Extensão, da
universidade que foi minha
base de formação. Ser gestora de uma universidade
pública é uma
responsabilidade imensa. Responsabilidade de cuidar e zelar das pessoas
que
compõem a instituição; responsabilidade de gerir
com competência o bem público;
responsabilidade de defender que a universidade pública seja
efetivamente
pública, gratuita, democrática, inclusiva;
responsabilidade de estabelecer com
a comunidade externa uma relação de
aproximação, escuta e respeito, enfim, são
muitos os desafios e as responsabilidades quando entendemos que gerir
um bem
público perpassa pela concepção de sociedade, de
universidade, de democracia. (Lima,
2020, p. 173)
No/para
o desenvolvimento dessas funções, as experiências
pedagógicas dos professores
são imprescindíveis, principalmente sua
mobilização e reconstrução. É nesse
processo de ser e estar na profissão docente que se aprende a
ser professor e
que os professores, sobretudo os iniciantes, constroem os saberes da
profissão,
estando em condições de tornarem esses saberes
factíveis e emancipáveis pela
reflexão, narrativa e documentação das
experiências que se constituem nas
tessituras do cotidiano da profissão.
As
narrativas ganham centralidade ao serem elementos por meio dos quais os
professores narram e refletem sobre suas próprias
experiências no âmbito da
profissão docente. Ao analisar a construção de
saberes na docência
universitária, Silva (2015) produziu uma pesquisa que objetivou
compreender o
processo de construção de professores iniciantes na
docência universitária,
mediatizados por movimentos e experiências no cotidiano de suas
práticas. As
entrevistas narrativas com professores de uma universidade
pública evidenciaram
que as expressões “choque com a realidade”;
“solidão pedagógica”; “aterrissa
como podes”; “nada ou afunda-te” caracterizam o
vivido pelos professores nos
anos iniciais na universidade, pois não encontraram acolhimento
de forma
sistematizada, com apoio institucional. Em sua pesquisa, Silva (2015)
considerando
os saberes produzidos no cotidiano da profissão docente, conclui
que:
Na
dinamicidade da prática docente, os professores estão se
construindo de forma
singular, se refazendo e configurando uma identidade própria de
ser professor.
Entretanto, a fragilidade da formação para a
docência e a insipiência do apoio
institucional no ambiente acadêmico retarda e afeta a
construção da
profissionalidade, que se situa mais numa responsabilidade individual,
do que
como parte das políticas públicas que sustentam a
expansão da educação superior
pública no país. (p. 164-165)
Portanto,
o desenvolvimento da profissão docente está relacionado a
diversos fatores,
dentre os quais se vislumbram as possibilidades de
construção de uma trajetória
singular, em que as experiências vão se constituindo como
elementos fundantes
para se pensar a profissão e o próprio professor nesse
cenário. Assim sendo, a
identidade docente se presentifica como princípio norteador das
reflexões que o
professor faz de si e de sua profissão, seja no âmbito da
Educação Superior,
seja no âmbito da Educação Básica. O fato
é que a profissão vai se constituindo
numa dinâmica relacional de entrada na docência e
construção de saberes e
práticas que têm a ver com os processos de
profissionalização que se logram nos
cotidianos da escola e da universidade. E isso tem a ver com as
relações que se
estabelecem entre alunos e professores, o que a própria Gatti
(2011) entende como
uma interação complexa entre os diferentes sujeitos, no
caso em tela, entre
professores e estudantes.
A
relação entre professores e estudantes aparece como foco
central nas discussões
que os narradores e narradoras tecem nos encontros da
Documentação Narrativa. A
professora Flávia Santana, diz que para ela
A
profissão docente é um bordado que se faz com pessoas.
Professores e alunos
produzem bordados de aprendizagens múltiplas. É o bordar
o ensino, bordar a
relação, bordar a dimensão da profissionalidade
com zelo, determinação e
perspicácia. Eu mesma vejo o bordado que juntos estamos fazendo
nessa
experiência de documentar nossos saberes, práticas na
docência universitária.
Estamos cuidando do nosso processo formativo e de
profissionalização com partilhas
de saberes. (Flávia, relato oral, 2020)
Nesta
direção, pensar a profissão docente significa
pensar nos desafios que estão
envoltos em torno dos processos, para que se possa buscar trilhar
aprendizagens
horizontalizadas, seja com os próprios estudantes, seja com os
colegas de
profissão. A Documentação Narrativa de
Experiências Pedagógicas, segundo Suárez
(2007) congrega princípios da horizontalidade, em que as
experiências são
tecidas colaborativamente, inspiradas nas acontecências que
envolve cada sujeito.
Isso tem a ver, também, com o processo de
profissionalização, que demanda
resultados de aprendizagens inerentes ao ato de “bordar” a
profissão, como nos
diz a professora Flávia. Portanto, tal processo perpassa pela
construção da
própria identidade profissional, ou seja, como os professores se
reconhecem,
como se realizam como professores e como pessoas. Gatti (2011) afirma
que:
A
identidade não é somente um constructo de origem
idiossincrática, mas fruto das
interações sociais complexas nas sociedades
contemporâneas e expressão
sociopsicológica que interage nas aprendizagens, nas formas
cognitivas, nas
ações dos seres humanos. Ela define um modo de ser no
mundo, num dado momento,
numa dada cultura, numa história. Há, portanto, de ser
levada em conta nos
processos de formação e profissionalização
dos docentes. (p. 162)
Nesta
seara, a profissão docente é vista a partir das
condições objetivas e
subjetivas com as quais os professores lidam para o exercício da
profissão e
das contradições possíveis produzidas nos
contextos sociais, afetivos e
culturais. É preciso, então, observar como esse processo
se efetiva nas
práticas educativas e pelas narrativas construídas pelos
docentes sobre si e
sobre a profissão, logo sobre suas aprendizagens experienciais
tecidas no
cotidiano da docência. Diante disto, compreender a
profissão docente significa
compreendê-la imersa em uma problemática que versa sobre
fatores que são
característicos da universidade, como também da escola
básica.
Se por
um lado é difícil para os professores da
Educação Básica os fatores tais como:
relação número de alunos por professor;
heterogeneidade cultural; demanda por
uma educação de qualidade; impacto de novas formas
metodológicas do ensino;
ausência de políticas de priorização;
estruturas hierárquicas e burocráticas,
sendo que nesse cenário se situa o trabalho cotidiano do
professor com sua
experiência de profissão; na universidade essa dificuldade
também se apresenta,
mas as questões se voltam para situações tais
como: relação professor com os
objetivos específicos de formação da licenciatura
que atua; envolvimento em
atividades de ensino, pesquisa, extensão; necessidade de
produção científica;
necessidade de realizar orientações acadêmicas; de
participar de vários
conselhos e comissões em que lhe são cobrados
emissão de pareceres, de produção
de propostas curriculares, etc.
Tal
problemática, é evidenciada no relato do professor
Fábio, que assim considera
algumas dificuldades com a docência na universidade.
Eu não
sou de falar muito, mas eu me preocupo com a condição de
trabalho na
universidade, sobretudo porque enfrentamos dilemas e problemas
parecidos com a
escola básica. São diferentes em parte, mas tem a ver com
a profissão, pois é
preciso a gente trabalhar questões inerentes aos interesses e
particularidades
dos estudantes de licenciatura. E eu estou aprendendo aqui com
vocês, me
abrindo para revelar como tenho construído minha prática
docente e percebendo
como as experiências vão acontecendo quando eu paro e olho
pra profissão que exerço
e me coloco sempre disposto a superar os problemas. (Fábio,
relato oral, 2020)
O fato é
que há distintas caracterizações das
ações cotidianas da profissão docente em
ambos os níveis. No entanto, são nas
condições que cada um tem que a
aprendizagem experiencial vai ganhando um contorno outro, gerando novas
políticas de conhecimento e de atuação
profissional que brotam das
acontecências da profissão docente.
Conforme
Rios (2015), entende-se que na Educação Básica,
sobretudo olhando para as
questões inerentes à contemporaneidade, em
relação ao processo de
profissionalização docente, existe um movimento de
reconfiguração das formas de
viver a profissão. Na busca pela
profissionalização, os docentes foram
historicamente reconfigurando a profissão, visando, sobretudo,
atingir outro
status na carreira, a busca pela autonomia e a
formalização dos saberes
pedagógicos.
Na
docência universitária, conforme sinalizam Cunha, Soares e
Ribeiro (2009) a
reconfiguração das formas de viver a profissão
são tecidas não mais em
políticas e diretrizes curriculares, mas no fazer cotidiano da
docência
universitária, que tem provocado nos professores a necessidade
de construir
diuturnamente, saberes e práticas que sejam significativas para
o próprio
professor, como também para o estudante que ele forma. Em se
tratando de
estudantes de licenciatura, os professores universitários, na
contemporaneidade, são convocados a repensarem suas
práticas a fim de que elas
estejam alinhadas com as demandas da formação de
professores com vistas a
atuarem na Educação Básica, pelas demandas que
esta apresenta. Nesse
pensamento, o cotidiano da Educação Básica, invade
as salas dos professores
universitários, formadores de professores, promovendo neles a
necessidade de se
reinventarem e construírem novos saberes e práticas, que
só experiencialmente
se evidenciam nos percursos narrativos e
profissionalização dos professores.
O
trabalho com a Documentação Narrativa de
Experiências Pedagógicas possibilitou
conhecer os modos próprios como os professores tecem a
docência universitária.
Nesse sentido, o estudo viabilizou compreender que a profissão
docente é
produzida numa rede dialógica em que docentes
universitários, formadores de
professores, desenvolvem práticas e saberes em franca
articulação com as
demandas que professores da escola básica enfrentam. Assim,
temáticas como
cotidiano escolar, aprendizagem experiencial da docência, saberes
e práticas do
professor universitário emergiram como elementos centrais,
demarcados por
narrativas do vivido e experienciado ao longo das trajetórias de
vida e de
formação.
As
narrativas se insurgiram como elementos potencializadores do fazer
docente,
criando um cenário reflexivo em que os professores
construíram e
compartilharam, de modo bastante horizontalizado, experiências do
ser professor
universitário. O abrir-se para o diálogo, o tecer junto,
o bordar a docência, o
arquitetar a profissão mediante preocupações com a
relação universidade e
escola básica deram o tom às narrativas que documentam e
legitimam o saber que
advém da experiência de ser professor
universitário.
Visibilizou-se,
ainda, como a docência universitária é singular,
pois é atravessada por
dimensões que envolvem processos de gestão do
conhecimento, em que o docente
universitário é convocado, diuturnamente, a produzir
saberes e disseminá-lo por
meio de projetos de pesquisa, ensino e de extensão. Nessa
direção, escrever,
ler, reescrever, comentar, reescrever, ler novamente, voltar a comentar
e a
reescrever foram ações que fizeram pulsar os saberes que
docentes constroem no
exercício da profissão. Ao contrário do que se
pensa a respeito do professor
universitário, este profissional aprende o ofício no
contexto da própria
docência, nas relações que estabelece com o
conhecimento e com o modo como o
operacionaliza.
Por essa
lógica, o saber da experiência torna-se fundante,
não como um saber que é
acumulado por anos de vivência na profissão, mas pelo
saber que se constrói nas
acontecências da profissão docente, posta sempre em
questão por quem a realiza.
Trata-se, portanto de um saber da experiência que se produz nos
acontecimentos
que atravessam os professores, que os tocam e que os movem a pensar
sobre seu
papel na universidade, sobretudo pela necessidade de articular o seu
trabalho
aos objetivos de formar outros professores. Nessa dinâmica,
documentar
significou produzir conhecimento que se origina do cotidiano da
profissão, mas
que também é produzido pela própria
história de vida e de formação dos
professores. Documentar, significou revisitar as formas de tecer a
profissão,
colocando-a sempre em questão.
Colocar
a profissão docente em questão implicou em tecer as
experiências pedagógicas na
interface, produzindo e compartilhando com os pares, saberes e modos
próprios
de vivenciar os desafios de ser professor universitário que atua
em cursos de
licenciatura, logo com preocupações e perspectivas de
formar futuros
professores que atuarão na Educação Básica.
Significou ainda, abrir-se a
disposição de aprender com o outro, de validar o
conhecimento do colega
professor, pois é conhecimento tecido pelo par, em um coletivo
que milita e
atua em situações comuns a ambos.
O
princípio de horizontalidade se evidenciou como um desafio, por
meio do qual os
professores se colocaram em condições de ouvir, ler e
comentar a experiência do
colega, e de igual modo aprender com ela, validando-a, construindo,
nisso, como
nos ensina Suárez (2007), uma nova política de
conhecimento, que, também, na
docência universitária emerja do cotidiano e dos desafios
que a profissão
apresenta. É desse contexto, que docentes, como Fábio, em
seus relatos orais e
documentos afirmou que “estou aprendendo aqui com vocês,
me abrindo para
revelar como tenho construído minha prática docente e
percebendo como as
experiências vão acontecendo quando eu paro e olho pra
profissão que exerço e
me coloco sempre disposto a superar os problemas.”
(Fábio, relato oral,
2020).
Cunha,
M.;
Soares, S.; Ribeiro, M. (Orgs.). (2009). Docência
universitária: Profissionalização e
práticas educativas. Editora UEFS.
Gatti,
B. A.
(2017). Formação de professores, complexidade e trabalho
docente. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 17,
n.
53, p. 721-737.
Gatti,
B. A.
(2011). A formação dos docentes: o confronto
necessário professor X academia.
In: GARCIA, Walter (Org.). Bernadete A. Gatti: Educadora e
pesquisadora. Coleção Perfis da
Educação. Autêntica,
p. 151-159.
Larrosa,
J.
B. (2002). Notas sobre a experiência e o saber de
experiência. Rev. Bras. Educ. [online]. n.19,
pp.20-28.
Lima,
R. de
C. B. M. (2020). Uma trajetória em
registros: Marcas das itinerâncias formativas.
Diverso, Observatório da Profissão Docente.
Coletâneas virtuais. Salvador.
Disponível em: http://www.observatoriodocente.uneb.br/index.php/coletaneas-virtuais/
Marcelo
Garcia, C. (2009). Políticas de inserción a La
docência de eslabón perdido a
puente para o dessarolo Professional docente. In: Marcelo Garcia, C. El profesorado principiante. Inserçon a La
docência. Octaedro.
Nóvoa,
A.
(1995). Vidas de Professores. Porto
Editora.
Oliveira,
A.
D. de. (2019). Viagem-formação:
Documentação Narrativa de Experiências
Pedagógicas de professores (as) no
Ensino Médio de escolas rurais. 199fls. Tese (Doutorado em
Educação) -
Universidade do Estado da Bahia. Departamento de
Educação. Programa de
Pós-Graduação em Educação e
Contemporaneidade – PPGEDUC. Salvador
Rehem,
F. Q.
N. (2020). “O seu olhar melhora o
meu”: A experiência no PIBID a partir do
olhar das bolsistas. Diverso, Observatório da
Profissão Docente. Coletâneas
virtuais. Salvador. Disponível em: http://www.observatoriodocente.uneb.br/index.php/coletaneas-virtuais/
Ribeiro.
M.
L. (2020). A arquiteta da docência
universitária. Diverso, Observatório
da Profissão Docente. Coletâneas virtuais. Salvador.
Disponível em: http://www.observatoriodocente.uneb.br/index.php/coletaneas-virtuais/
Ricoeur,
P.
(1996). Teoria da interpretação.
Edições 70.
Rios,
J. A.
V. P. (Org.). (2015). Docência na
Educação Básica. Salvador: EDUNEB.
Silva,
F. O
da. (2017). Formação docente no PIBID:
Temporalidades, Trajetórias e Constituição
identitária. 220f. Tese
(Doutorado em Educação). Universidade do Estado da Bahia.
Departamento de
Educação. Programa de Pós-Graduação
em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC.
Salvador.
Silva, F. O. da; Alves,
I. da S. (2020). Contribuição
do PIBID para a prática
profissional: aprendizagens da docência por homologia na
formação
inicial. Revista Exitus, 10(1), e020104. https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1499
Silva,
F.
O.; RIOS, J. A. V. P. (2018). Aprendizagem experiencial da
iniciação à docência
no PIBID. Práxis Educativa
(UEPG. Online), v. 13, p. 202-218. Ponta Grossa-PR. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.13i1.0012
Silva, V. L. R.
(2015). Docentes
universitários em construção:
narrativas de professores iniciantes
de uma universidade pública no contexto de sua
interiorização no sul do
Amazonas. Tese (Doutorado em Educação), Universidade do
Vale do Rio dos Sinos,
São Leopoldo.
Suárez, D. H. (2007). Docentes, narrativa e
investigación educativa: La documentación narrativa de
las practicas docentes y
la indagación pedagógica del mundo y las experiencias
escolares. In: Sverdlick,
I. et all. La investigación educativa:
Una herramienta de conocimiento y de acción. Noveduc.
[1]
Trata-se de um observatório construído
pelo grupo de pesquisa
Docência, Narrativas e Diversidade na Educação
Básica – Diverso, grupo que
desenvolve a pesquisa intitulada “Profissão docente na
Educação Básica da
Bahia. Neste observatório, o grupo tem produzido ebooks como
resultado da
Documentação Narrativa de Experiências
Pedagógicas de professores da Educação
Básica baiana, que atuam no Ensino Fundamental e Médio.
Link para acesso: http://www.observatoriodocente.uneb.br/index.php/coletaneas-virtuais/