Educational
Sociolinguistics in the Practice of an Interventionist Proposal with the Personal
Recount Genre
Sociolingüística
educativa en la práctica de una propuesta intervencionista con el informe
personal de género
Cláudia
Zanata de Oliveira Vasconcelos
Universidade
Estadual de Mato Grosso, Brasil
Neusa Inês Philippsen
Universidade
Estadual de Mato Grosso, Brasil
Recibido:
11/05/2020
Aceptado:
27/05/2021
DOI: https://doi.org/10.48162/rev.36.011
Resumo. No presente texto apresentamos parte da proposta
vivenciada durante o projeto de intervenção intitulado “Gênero relato pessoal –
da valorização da língua materna às variedades de prestígio”, desenvolvido em
uma escola de Ensino Fundamental na cidade de Sorriso em Mato Grosso/Brasil,
por estudantes de um 8º ano, por seus familiares e pela professora/pesquisadora
da turma. O projeto foi desenvolvido no ano de 2019 e idealizado durante o
Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, em Sinop – MT. Com relação aos
objetivos propostos, salientamos a importância de valorizar a língua materna
dos estudantes e demais envolvidos, diminuir o preconceito linguístico dar voz aos
estudantes com o uso do gênero relato pessoal nas modalidades oral e escrita por meio da Sociolinguística Educacional. Dentre
a fundamentação teórica utilizada, destacamos autores como Bortoni-Ricardo
(2004, 2005, 2008 e 2017), Bagno (2007), Faraco (2015) e Dolz e Schneuwly (2013). Como produção final, montamos um
documentário intitulado #RELATOPESSOAL com relatos pessoais autorais gravados
pelos alunos, mães, um pai e pela professora pesquisadora. A produção foi
divulgada no espaço escolar e no site http://www.museudapessoa.net,
que é um museu virtual e colaborativo, com sede em São Paulo/Brasil, de
histórias de vidas e no qual agora constam as nossas histórias.
Palavras-chave. Sociolinguística Educacional, Língua materna, Preconceito
linguístico, Relatos pessoais.
Abstract. In this text, we present part of the proposal
experienced during the intervention project entitled “Personal recount genre -
from the appreciation of the mother tongue to the prestigious varieties”,
developed in an elementary school in the city of Sorriso in the state of Mato
Grosso, Brazil, by students from the 8th grade, by their family
members and by the class teacher-researcher. The project was developed in the
year of 2019 and was conceived during the Professional Master’s in Languages -
PROFLETRAS, in Sinop - MT. Regarding the purposes of the study, we emphasize
the importance of valuing the mother tongue of the students and the others
involved, reducing linguistic prejudice among them and giving voice to students
by using the personal recount genre in oral and
written modalities through Educational Sociolinguistics. Among
the theoretical basis used, we highlight authors such as Bortoni-Ricardo (2004,
2005, 2008 and 2017), Bagno (2007), Alberto Faraco (2015), and Dolz, and Schneuwly (2013). As a final production,
we made a documentary entitled #RELATOPESSOAL with personal recounts recorded
by students, mothers, a father and the teacher-researcher. The documentary was
shown in the school space and on the website http://www.museudapessoa.net,
which is a virtual and collaborative museum, based in São Paulo, in Brazil,
that shows life stories and now our stories too.
Keywords. Educational Sociolinguistics, Mother
tongue, Linguistic prejudice, Personal recounts.
Resumen. En el presente texto
presentamos parte de la propuesta experimentada durante el proyecto de
intervención titulada “Informe personal de género: desde la apreciación de la
lengua materna hasta las variedades prestigiosas”, desarrollado en una escuela
primaria en la ciudad de Sorriso, estado de Mato Grosso - Brasil, por
estudiantes de octavo grado, sus familias y la maestra (investigadora) de la
clase. El proyecto fue desarrollado en el año 2019 e idealizado durante la
Maestría Profesional en Letras - PROFLETRAS, en Sinop - MT. Con respecto a los
objetivos propuestos, enfatizamos la importancia de valorar la lengua materna
de los estudiantes y otras personas involucradas, reducir el prejuicio
lingüístico y dar voz a los estudiantes con el uso del informe personal de
género en modalidades orales y escritas a través de la Sociolingüística
Educativa. Entre las bases teóricas utilizadas, destacamos autores como
Bortoni-Ricardo (2004, 2005, 2008 y 2017), Bagno (2007), Faraco (2015) y Dolz y
Schneuwly (2013). Como producción final, reunimos un documental titulado
#RELATOPESSOAL con historias de autor personal grabadas por estudiantes,
madres, un padre y la profesora investigadora. La producción se publicitó en el
espacio escolar y en el sitio web http://www.museudapessoa.net, que es un museo
virtual y colaborativo, con sede en São Paulo / Brasil, con historias de vida y
que ahora contiene nuestras historias.
Palabras clave. Sociolingüística Educativa, Lengua materna, Prejuicio linguístico, Reportes personales.
Constantemente, no Brasil, especialmente
nas escolas e universidades públicas, têm-se pesquisado sobre as transformações
pelas quais vêm passando a Língua Portuguesa ou Língua Brasileira
(Bortoni-Ricardo (2005) e Bagno (2007). Estas mudanças em relação à língua viva
(linguagem em uso) falada pela maioria das pessoas, muitas vezes, são cercadas
de preconceito. Nesse processo, “a escola não pode ignorar as diferenças
sociolinguísticas. Os professores e, por meio deles, os alunos têm que estar
bem conscientes de que existem duas ou mais maneiras de dizer a mesma coisa”
(Bortoni-Ricardo, 2005, p. 15).
Bortoni-Ricardo (2005)
enfatiza sobre o respeito que devemos ofertar aos estudantes em relação às
variedades apresentadas por eles ao chegarem à escola, mas também orienta que
devemos apresentar a eles outras variedades linguísticas, tanto aquelas
desprestigiadas socialmente quanto as variedades de prestígio, sem
apresentarmos as diferenças entre as variedades como erros, mas, sim, como
inadequações possíveis de aprimoramento. Nesse sentido, o autor ressalta que
“essas formas alternativas servem a propósitos comunicativos distintos e são
recebidas de maneira diferenciada pela sociedade” (p. 15).
A Sociolinguística Educacional
e a Reeducação Sociolinguística vêm, nesse contexto, quebrar barreiras
existentes em relação ao preconceito linguístico, pois propõem o ensino da
norma culta, seja na fala ou na escrita, sem o apontamento de “erros”. Ensinam
a refletir sobre possibilidades e necessidades de melhoria e monitoramento da
fala e escrita sem estigmatizar a língua materna. Bagno (2007) nos explica que
“a Reeducação Sociolinguística é uma proposta de pedagogia da variação
linguística que leva em conta as conquistas das ciências da linguagem, mas, não
é possível desprezar, em nome da ciência “pura”, as necessidades e os desejos
(legítimos) dos falantes da língua” (p. 86).
No presente estudo,
desenvolvemos módulos com atividades que
objetivaram reforçar em nossos alunos a importância da valorização da língua
materna, explorar o contexto da linguagem em uso pelos estudantes e estimular o
conhecimento e prática de variedades linguísticas consideradas de prestígio
(cultas). Dentre os temas escolhidos para debate, destacamos a ‘necessidade de
eliminar o preconceito linguístico’, preconceito existente, inclusive, entre
eles, sendo que exemplos foram usados durante a proposta interventiva.
O projeto de intervenção
desenvolvido buscou respostas para as seguintes questões: a) Como provocar no
aluno a necessidade de aprender a norma culta e empoderá-lo em sua comunicação
oral e escrita a fim de ampliar seu vocabulário e sua capacidade comunicativa?
/ b) De que maneira expandir no aluno uma perspectiva de futuro e significar a
importância de cada um como protagonista de sua própria história? / e c) De que
forma despertar no aluno o valor do uso da norma culta, independentemente de
suas variantes/variedades linguísticas, origem geográfica ou situação social,
através de produções inovadoras que envolvam texto escrito, audiovisual e
imagético?
Além disso, procuramos
ressignificar suas competências comunicativas enquanto seres humanos e sociais,
independentemente da origem geográfica, ou seja, do lugar de onde eles e suas
famílias vieram, partindo da busca por respostas das seguintes questões
norteadoras: a) De onde eu vim? / b) Meus pais vieram de onde? / e c) Qual
minha história nesta cidade e nesta escola?
Os resultados
observados culminaram em escritas de relatos, gravações de relatos, produções
de imagens e seleções de fotos.
De acordo com Bortoni-Ricardo
(2017), a Sociolinguística, vista como ciência autônoma e interdisciplinar,
surgiu em meados do século XX, na década de 1960, momento em que se iniciavam
pesquisas para explicar o uso de variedades linguísticas e ajustamentos à
cultura escolar. Muito embora pouco se discutisse antes desse período sobre o
impacto da cultura letrada a distintos grupos sociais, dentre os poucos
pesquisadores, que já desenvolviam teorias de natureza claramente
sociolinguística, encontramos Antoine Meillet e Mikhail Bakhtin.
Bagno (2007, p. 28) explica
esta década dizendo que “cientistas da linguagem decidiram que não era mais
possível estudar a língua sem levar em conta também a sociedade em que ela é
falada”. Destaca também que “o estudo da variação e da mudança na perspectiva
sociolinguística foi impulsionado sobretudo por William Labov (nascido em
1927), que se tornou o nome mais conhecido da área”. Entendemos, a partir dos
estudos da autora Bortoni-Ricardo (2005), ser a Sociolinguística Educacional
uma macroárea comprometida com o aperfeiçoamento das práticas linguísticas
escolares.
Ao retratar o impacto da
Sociolinguística na sala de aula, Bortoni-Ricardo (2005) elaborou alguns
princípios, dos quais destacamos que: A descrição da variação da
Sociolinguística Educacional não deve ser dissociada da análise etnográfica de
sala de aula, que permite avaliar o significado que a variação assume para os
autores naquele domínio, particularmente a postura do professor diante de
regras não padrão da língua; É importante que professores e alunos tenham uma
consciência crítica de que a variação linguística reflete desigualdades
sociais. Essa reflexão vai promover o empoderamento do professor. (pp 130-133).
Diante disto, um
questionamento nos inquietou durante o andamento da pesquisa, ‘Como é possível
valorizar apenas a variedade culta em um planeta onde não é possível saber
exatamente quantas línguas existem?’. Há uma estimativa de que há entre seis e
sete mil línguas. São apenas números aproximados, por dois motivos:
Primeiro porque existem muitas
línguas ainda não catalogadas na África, na Ásia e na América do Sul. Em
segundo lugar, não é fácil identificar uma língua, porque as línguas não são
homogêneas, usadas por todos os seus falantes da mesma maneira. Pelo contrário,
elas comportam muita variação. Dizemos que são constituídas por variedades,
que, às vezes, são também referidas como dialetos, e os estudiosos podem ter
dúvida quanto a definir determinado idioma como uma língua ou como uma
variedade de língua. (Bortoni-Ricardo, 2017, pp 23-24).
A partir destas reflexões,
compreendemos a importância da Reeducação Sociolinguística, que surge da ideia
de que os estudos da Sociolinguística Educacional apresentam um comprometimento
com o aperfeiçoamento das práticas linguísticas escolares.
A Reeducação Sociolinguística
usa-se da concepção de linguagem como interação, ou seja, nessa perspectiva a
preocupação básica do ensino da Língua Portuguesa é levar o aluno não apenas ao
conhecimento da gramática normativa de sua língua, mas também ao
desenvolvimento da capacidade de refletir, de maneira crítica, sobre o mundo no
qual está inserido e o faz utilizar a língua como instrumento de interação
social. Assim, para que haja transformação no ensino da norma culta, Faraco
(2015) ressalta que:
Nesse processo, é preciso ter claro que ninguém pode ser discriminado
pela variedade de língua que fala, nem deve ser excluído do acesso aos bens da cultura
letrada. Os críticos apressados não percebem (ou não querem perceber?) este
fato elementar: são duas as diretrizes pedagógicas (não apenas a primeira); e a
primeira não anula, de forma alguma, a segunda. Ao contrário, serve de sustento
e reforço para ela. (p. 27).
Sendo assim, é importante
despertar nos alunos a necessidade para a aprendizagem da norma culta, sem
desprezar suas variedades linguísticas, mas também fazê-los perceber os pontos
críticos que distanciam a variedade que eles aprenderam em casa (sua língua
vernácula) das variedades cultas, e do quanto é indispensável eles dominarem
estas últimas. Esta reeducação não vem pronta, definida, como explica Faraco
(2015):
É preciso encontrar os meios para instaurarmos um efetivo debate
nacional sobre questões linguísticas; é preciso submeter nosso pântano
normativo a uma crítica sistemática e, nesse processo específico, construir
guias normativos que possam servir de referência a quem escreve, a quem ensina
e a quem aprende. (p. 28).
Após essa compreensão,
construímos um projeto de intervenção, com o intuito de possibilitar aos alunos
voz e vez, ou seja, ouvi-los e fazê-los escrever fatos de suas vidas e de seus
familiares por meio do gênero escolhido, relato pessoal, com atividades que
proporcionassem noção de pertencimento à comunidade linguística e à língua
portuguesa que fazem uso e, assim, compreenderem que podem amplificar sua
capacidade comunicativa por meio de suas vivências registradas em seus
escritos. Nesse sentido, conforme afirma Cyranka (2015):
Há que se desenvolver uma nova atitude do professor de português. Ele
precisa se lembrar, antes de tudo, de que não vai “ensinar” o que os alunos já
sabem, ele não vai ensiná-los a falar português. O que cabe ao professor é
simplesmente, considerando as experiências reais de seus alunos quanto ao uso
da língua portuguesa, considerando a variedade linguística que eles utilizam e
sua capacidade de nela se expressarem, conduzi-los nas atividades pedagógicas
de ampliação de sua competência comunicativa. (p. 35).
Todavia, Bagno (2007) não
descarta a importância do ensino das regras prescritas pela gramática
normativa, desde que a escola não negue todo e qualquer valor às regras não
padrão, pois:
[...] é preciso ensiná-las aos alunos, para que eles se apoderem de
ferramentas linguísticas que não conhecem e que gozam de prestígio em
determinadas camadas da sociedade, em determinadas ocasiões de uso da língua,
justamente as consideradas de maior prestígio [...] (p. 158).
Munidos desses conhecimentos,
propusemos investir na reflexão sociolinguística por meio da pesquisa-ação,
definida por Thiollent (2011) como:
Um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo no qual
os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema
estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (p. 20).
Trata-se, como já dissemos, de
um trabalho que se aplica à Sociolinguística Educacional. Compreendemos, por
sua vez, que a reeducação linguística só acontecerá quando as relações com as
práticas escolares com a linguagem produzirem nos alunos maior autoconfiança,
preservando-lhes as disposições positivas para desenvolverem competências orais
e escritas.
É a escola que pode
possibilitar ao aluno o uso de competências de maneira que ele se torne leitor
crítico e produtor de textos autônomos. Para tanto, é de fundamental
importância que o professor da atualidade desenvolva em seus alunos novas
habilidades de leitura e escrita para melhor desempenho das práticas sociais
existentes na sociedade. Em consonância com tais afirmações, Soares (2017) se
posiciona da seguinte forma:
É obrigação da escola dar amplo e irrestrito acesso ao mundo da leitura,
e isto inclui a leitura informativa, mas também a leitura para fins
pragmáticos, mas também a leitura literária de fruição: a leitura que situações
da vida real exigem, mas também a leitura que nos permita escapar por alguns
momentos da vida real. (p. 6).
Infelizmente, nós, professores
de Língua Portuguesa, sozinhos, nem sempre conseguimos cumprir com o dever de
formarmos leitores e escritores eficientes, mas isto não pode ser um empecilho
para tentar fazê-lo. Também ainda estamos, em geral, presos a propostas
metodológicas e curriculares tradicionais e ultrapassadas. Existe, portanto,
uma necessidade urgente de diminuir o abismo existente entre as práticas de
leitura e de escrita trabalhadas na escola e seu efetivo uso na sociedade. Ensinar
por meio de textos e produções que
tenham significado para quem aprende é o caminho para conquistas satisfatórias.
Nesse contexto, vale
ressaltarmos que o advento de outras tecnologias e, particularmente da
Internet, contribuiu para o surgimento de novos gêneros textuais (Marcuschi,
2004). Muitos desses, conforme expõe o autor, têm suas bases em gêneros já
conhecidos, porém com uma nova roupagem atribuída pelo novo veículo de
comunicação, dentre eles o e-mail, os e-books e outros mais. É
certo que, atualmente, principalmente os nativos digitais[1], vivem conectados
à Internet e às redes sociais, portanto vivenciam a experiência do contato e da
escrita desses novos gêneros cotidianamente.
Percebemos então que os multiletramentos, por sua vez, englobam a leitura
de mundo dos alunos, os quais muitas vezes estão distantes da realidade que o
professor imagina. Portanto, estratégias inovadoras são o caminho para maior
integração entre professores e alunos. A construção de um bom trabalho
pedagógico passa pelo processo de propostas educativas que revelem uma escola
que se preocupa com o outro, com sua história e suas reais necessidades, ou
seja, vai muito além de sua aprendizagem cognitiva.
Nesse sentido, cabe realçarmos que os gêneros multimodais[2] circulam em nosso cotidiano, e nem sempre nos damos
conta do quanto eles estão presentes em nossas falas e escritas. Assim, não
resta dúvida de que tanto estes gêneros quanto as inovações tecnológicas, que
invadiram nossas vidas, precisam também integrar o currículo escolar, pois
estamos tratando e convivendo com uma nova geração digital, e, na condição de
migrantes digitais, precisamos aderir ao novo, inovar para acompanharmos os
alunos, tornando nossas aulas mais atrativas e produtivas.
Nossa pesquisa apresentou como
proposta o gênero relato pessoal e todo o trabalho com este gênero foi
desenvolvido seguindo as orientações metodológicas que serão apresentadas neste
subitem. De acordo com Dolz, J. e Schneuwly, B. (2013), o gênero é um
instrumento por meio do qual a língua/linguagem é posta em atividade no
processo interativo, visto que:
Um instrumento media uma atividade, dá-lhe uma certa forma, mas esse
mesmo instrumento representa também essa atividade, materializa-a. Dito de
outra maneira: as atividades não mais se presentificam em sua execução. Elas
existem, de uma certa maneira, independentemente desta, nos instrumentos que as
representam e, logo, significam-nas. (p. 21).
Portanto, quando falamos em aprendizagem
significativa, é preciso ressaltar que não se trata apenas de reconhecer a
estrutura de determinado gênero, mas, sim, de entender para quem o texto é
produzido, sua finalidade e o contexto de circulação. Seguir estas etapas pode
despertar no estudante o interesse em produzi-lo.
A Sequência Didática (SD)
utilizada nesta pesquisa seguiu as etapas determinadas: apresentação da
situação; produção inicial; módulos e produção final. Conforme Dolz, J. e
Schneuwly, B. (2013, p. 83), “uma sequência didática tem, precisamente, a
finalidade de ajudar o aluno a dominar um gênero de texto, permitindo-lhe,
assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de
comunicação”.
Em relação à metodologia de
pesquisa adotada, a pesquisa-ação, sua concepção, planejamento e organização,
segundo Thiollent (2011), são muito flexíveis e não seguem uma ordem rígida de
fases. Assim, o autor apresenta uma lista de temas, mas enfatiza que estes
seguem uma ordem apenas parcialmente no tempo, pois são marcados por constantes
vaivéns, de acordo com a dinamicidade e interação interna de cada grupo. Por
sua vez, a pesquisa-ação se divide nas seguintes possíveis etapas: fase
exploratória; tema da pesquisa; colocação de problemas; hipótese; seminário;
coleta de dados, plano de ação; divulgação externa.
Cabe ressaltarmos ainda que a
pesquisa-ação se opera a partir de determinadas instruções ou diretrizes acerca
dos problemas identificados, as quais são determinadas de modo não muito
rígido. As hipóteses nesta metodologia são definidas na forma de suposição
elaborada pelo pesquisador a respeito de possíveis soluções a problemas
identificados na pesquisa. Com os resultados da pesquisa, as diretrizes podem
ser alteradas, abandonadas ou substituídas (Thiollent, 2011).
Ainda de acordo com Thiollent
(2011), o uso de um procedimento hipotético, mesmo que de maneira suavizada,
deve ser realizado, visto que;
A hipótese desempenha um importante papel na organização da pesquisa: a
partir da sua formulação, o pesquisador identifica as informações necessárias,
evita a dispersão, focaliza determinados segmentos do campo de observação,
seleciona os dados etc. (p. 65).
Esta metodologia de pesquisa
foi apropriada para o nosso trabalho, no sentido que a pesquisa-ação promoveu a
participação dos usuários do sistema escolar na busca de soluções aos seus
problemas, relacionados ao ensino e aprendizagem. Ressaltamos que utilizamos
uma linguagem apropriada, assim como os objetivos da pesquisa foram
constantemente reafirmados e afinados no contato com as situações, sempre
abertas ao diálogo com os alunos, na sua linguagem popular (Thiollent, 2011).
Por fim, usamos desta
metodologia para desenvolvermos a Sequência Didática pautada nos pressupostos
teóricos da Sociolinguística Educacional, pois corrobora a proposta deste tipo
de pesquisa, sugerindo a busca pelo diálogo, interação, mudanças social e pedagógica,
por meio de módulos desenvolvidos no
grupo pesquisado.
O projeto de intervenção foi
construído e desenvolvido com 31 alunos, com idades entre 12 e 16 anos, do 8º ano, turma B, período matutino, de uma Escola
Municipal, de Ensino Fundamental, localizada na cidade de Sorriso (396 Km
distante da capital Cuiabá), estado de Mato Grosso, Brasil. A professora
pesquisadora é lotada nesta escola há 17 anos, desde o ano de 2001. O projeto
foi desenvolvido no ano de 2019 e idealizado durante o Mestrado Profissional em
Letras – PROFLETRAS, em Sinop – MT.
Apenas quatro alunos do grupo estudantil pesquisado residiam no bairro
onde se localiza a escola, os demais eram de bairros vizinhos, mais distantes
ou oriundos de sítios, chácaras e fazendas. Pudemos constatar então que se
tratavam de culturas diversas e uma heterogeneidade nos falares deste grupo
pesquisado, principalmente quando se levou em consideração as informações
trazidas e analisadas sobre os 31 sujeitos envolvidos.
Destacarmos, nesse contexto,
que a turma do 8º ano B apresentava estudantes nascidos em oito estados
diferentes do Brasil. Dos 31 alunos da turma, 17 nasceram em Mato Grosso e,
destes, apenas 12 nasceram em Sorriso. No estado do Maranhão, nasceram cinco
alunos, um em Pernambuco, um em Mato Grosso do Sul, um no Espírito Santo, um no
Rio Grande do Sul, um no Paraná, um em São Paulo e três estudantes não nos
informaram o local de nascimento[3].
Ao construirmos e desenvolvermos
a pesquisa, buscamos variar as situações de comunicação e incluir mídias
digitais para facilitar o contato e o diálogo entre os integrantes da pesquisa,
destacando-se, entre as tecnologias utilizadas, o grupo “#RELATOPESSOAL”,
criado no aplicativo de mensagens do WhatsApp, com o propósito de
notificar os pais sobre as atividades desenvolvidas e motivar os estudantes
durante o projeto de intervenção, pois, para eles, os aplicativos de mensagens
são mecanismos que facilitam e os atraem à comunicação.
Na elaboração da Sequência
Didática[4], propusemos
atividades distribuídas em: apresentação da situação, produção inicial,
desenvolvimento de dez módulos envolvendo atividades presenciais e digitais, e
produção final, conforme descrito sequencialmente abaixo:
Apresentação
da situação: Exposição do projeto de intervenção e gênero relato.
Produção
inicial: Escrita do primeiro relato pessoal.
Módulo 1: Apresentação das características
principais do gênero relato pessoal e análise das primeiras produções.
Módulo
2: Reestruturação do primeiro relato pessoal e elaboração de ficha pessoal
para aluno e família.
Módulo 3: Customização de cadernos
e marca-páginas para diário individual de relatos.
Módulo 4:
Documentário ‘Sotaques do Brasil’ e questionário sobre preconceito linguístico.
Módulo 5: Visita à exposição de
fotos e lançamento do livro “A história de Sorriso em fotografias” (2019), de
Eugênio Ernesto Destri e Vera Lúcia Destri.
Módulo 6:
Documentário “Humano”.
Módulo 7: Visita ao
museu virtual ‘Museu da Pessoa’.
Módulo 8: Palestra com a
professora Odila Bortoncello, uma das autoras do livro “Resgate histórico do
município de Sorriso – Portal da Agricultura no Cerrado Mato-Grossense” (2003).
Módulo 9: Produção e análise individual do segundo relato pessoal escrito.
Módulo 10: Gravação
e ilustração dos relatos pessoais.
Produção final:
Documentário dos relatos
audiovisuais: construção do roteiro; montagem do documentário
e apresentação dos relatos audiovisuais para a comunidade escolar.
As atividades
programadas para os módulos envolveram a escrita autoral, arte, pesquisas,
documentários, palestras e produções digitais. Procuramos englobar neste
trabalho as orientações mínimas para a construção da competência comunicativa
ao aliarmos tecnologias já utilizadas com tecnologias distantes ainda do
recinto escolar.
Em relação aos relatos
produzidos pelos estudantes, foram de temáticas variadas, em sua maioria temas
divertidos, felizes e de superação, porém houve relatos com temáticas tristes
também. Na sequência, destacamos alguns dos fatos descritos: arte acontecida
quando eram crianças, saudades do lugar e da escola de onde vieram, reencontro
de pai e filha, separação dos pais, viagens, a casa dos avós, encontro com o
mar, aprender a pilotar moto, interclasse na escola, enfim, cada qual à sua
maneira escolheu a melhor história ou a mais marcante para ser relatada.
Notamos que a participação dos
familiares no projeto proporcionou uma aproximação maior destes com a escola e
pesquisadora. Nem todos se inteiraram do projeto, porém os que participaram
tiveram presença significativa e contribuíram para que cumpríssemos, com êxito,
todos os módulos apresentados para a Sequência Didática desta proposta
interventiva.
Todo trabalho de pesquisa
desenvolvido em escola, especialmente no Ensino Fundamental, requer atenção e
sutileza ao ser construído, pois estamos lidando com seres humanos, nesse caso
adolescentes, cada qual com sua história, muitas vezes, carregada de dores,
incertezas e inseguranças.
Ao desenvolvermos nosso
trabalho de pesquisa, como possivelmente aconteça em outros projetos, nos
deparamos com dificuldades vivenciadas todos os dias, realidade está vivenciada
em praticamente toda escola pública brasileira: número de alunos excessivo em
sala de aula, falta de recursos, falta de incentivo por parte de alguns pais,
desinteresse de alguns alunos, incompreensão de alguns colegas, enfim, inúmeros
foram e são os desafios. Todavia, como todo bom professor já sabe, propusemos
superar estas dificuldades e não as deixamos ser motivos para desistirmos, e,
assim, enfrentamos os problemas e desenvolvemos nossa pesquisa.
Bortoni-Ricardo (2005) reforça
esta proposta e assim a justifica:
Essa proposta é justificada, uma vez que seu princípio filosófico é o de
que a oferta de oportunidades educacionais igualitárias é uma estratégia
eficiente para a superação das distorções sociais do país. Para tanto, é
preciso preservar na escola o código minoritário com o duplo propósito de
melhorar: (i) o respeito às características culturais e linguísticas do
educando, o que lhe garantirá a manutenção de sua autoestima e viabilizará sua
integração na cultura escolar, que lhe é razoavelmente estranha; (ii) o
conhecimento pela escola das características da competência comunicativa que o
educando traz consigo e que deverá ser ampliada e diversificada ao longo de sua
formação escolar. (p. 139).
Voltemo-nos aos
questionamentos levantados por nós nesta pesquisa. Na primeira pergunta “Como
provocar no aluno a necessidade de aprender a norma culta e empoderá-lo em sua
comunicação oral e escrita a fim de ampliar seu vocabulário e sua capacidade
comunicativa?”, como resposta podemos dizer que conseguimos provocar nossos
alunos, aguçamos neles a vontade de utilizarem a norma culta e, certamente, os
empoderamos e ampliamos sua capacidade comunicativa. Afirmamos isto por ter
acontecido em nosso projeto inúmeras oportunidades de se expressarem por meio
da oralidade, da escrita e reescrita de textos e da valorização das produções
de nossos estudantes em relação ao que falaram ou escreveram.
A empolgação dos
estudantes no decorrer do desenvolvimento do projeto nos faz crer que
impulsionamos neles o desejo de divulgarem suas ideias, de falarem de seus
sonhos, de opinarem e discutirem determinados assuntos e de se imporem como
interlocutores e autores de sua própria história. Oportunizamos a ampliação da
competência comunicativa de nossos estudantes e constatamos que aplicamos em
sala de aula a definição feita por Stella Maris Bortoni-Ricardo (2004, p. 73): “Em outras palavras, a
competência comunicativa de um falante lhe permite saber o que falar e como
falar com quaisquer interlocutores em qualquer circunstância”.
Nosso segundo questionamento
buscava entender “De que maneira expandir no aluno uma perspectiva de futuro e
significar a importância de cada um como protagonista de sua própria
história?”. Primeiramente, é importante destacar que nosso projeto foi feito de
histórias, do início ao fim. Nesse contexto, também apresentamos aos alunos a
história da cidade onde vivem, protagonizada por pesquisadores autores e
colonizadores desse lugar.
Detalhamos
a eles as características do gênero relato pessoal e por meio deste gênero eles
puderam expor suas histórias nas duas modalidades, oral e escrita, de maneira
engrandecedora com seus textos autorais e de seus familiares, os quais
expuseram histórias de vida que foram divulgadas e valorizadas por meio das
propostas do trabalho desenvolvido. Diante destes resultados
conseguimos atingir nosso objetivo relacionado ao segundo questionamento por
fazê-los se sentirem notáveis por exporem seus dramas, alegrias, medos e
tristezas por meio de seus relatos.
Na terceira e última pergunta
“De que forma despertar no aluno o valor do uso da norma culta,
independentemente de suas variantes/variedades linguísticas, origem geográfica
ou situação social, por meio de produções inovadoras que envolvam texto escrito,
audiovisual e imagético?”, igualmente atingimos nosso objetivo, pois nas
próprias análises dos estudantes eles apontam as diferenças entre as variedades
apresentadas por eles e por seus colegas na escrita e/ou na oralidade e nos
documentários assistidos. Também perceberam a necessidade do uso da língua
culta ao apontarem em suas análises a presença de repetições, supressão, troca
ou acréscimos de fonemas ou termos da comunicação.
Sendo assim, por meio dos
módulos desenvolvidos no projeto de intervenção, possibilitou-se aos estudantes
perceberem durante atividades escritas e orais certas inadequações e possíveis
adequações da escrita ou da fala. Foram praticadas atividades epilinguísticas[5], ou seja,
atividades de compreensão e de reflexão, pretendendo-se despertar nos
estudantes a necessidade de vencerem os percalços vivenciados na escola e na
sociedade pela inadequação da língua, sem ridicularizarem ou discriminarem os
falantes, oportunizando a eles entender que é possível e necessário adequar a comunicação
em distintos eventos de linguagem, sejam eles orais ou escritos.
Buscamos de todas as formas respeitar os estudantes
e fazê-los se sentirem os principais responsáveis pelo sucesso de nosso
trabalho. Ficamos otimistas com os resultados, principalmente em relação aos
alunos, com a satisfação deles em participarem, o envolvimento com as
tecnologias digitais (nós professores também aprendemos com eles), pois a
maioria deles tem muita facilidade em lidar com essas tecnologias.
Somos extremante gratas ao envolvimento e a
confiança dos pais com nossa pesquisa, especialmente àqueles que aceitaram
gravar suas histórias, por entenderem a importância de suas participações e por
não se preocuparem se seus relatos seriam criticados, avaliados ou
estigmatizados.
A montagem e a execução do
documentário de relatos pessoais como produção final envolveram os estudantes
de maneira integral ao aliarmos a tecnologia digital em favor da divulgação do
trabalho dos alunos, mães, pai e professora. Conseguimos envolver o texto
escrito, sua gravação e a montagem de imagens de fundo produzidas pelos alunos.
Construímos um trabalho que satisfez a nós que o idealizamos, mães, pai, e a
eles que, orientados por nós, executaram-no.
Portanto, todo o trabalho que
foi produzido contribuiu para alcançarmos a realização da produção final com a
junção de todos estes elementos no documentário audiovisual #RELATOPESSOAL.
Optamos por apresentar os resultados à comunidade
escolar, durante a Mostra Pedagógica da Escola. Montamos o projetor multimídia
na sala do 8º ano B e organizamos duas sessões de apresentação do documentário
dos relatos audiovisuais e expusemos os diários dos estudantes.
Nesse momento, outros estudantes tiveram a
oportunidade de conhecerem as etapas desenvolvidas no projeto e assistirem ao
documentário produzido por nós. O documentário tem a duração de 40 minutos e 53
segundos, incluindo a abertura com informações sobre o gênero relato, os
relatos dos participantes, música interpretada por um aluno integrante da turma
de pesquisa e créditos de edição.
Após a exposição do projeto e documentário à
comunidade escolar, apresentamos também esses resultados em sala de aula aos
estudantes que não puderam visitar a Mostra Pedagógica. Infelizmente poucos
pais e mães puderam visitar e assistir à explanação detalhada dos módulos e
documentário produzido por seus filhos. Sendo assim, enviamos a eles esses
materiais via aplicativo de mensagens para que tivessem acesso à produção. O
relato sobre o projeto também foi divulgado por nós no Museu da Pessoa, que é um museu
virtual e colaborativo, com sede em São Paulo/Brasil, de histórias de vidas, no site https://www.museudapessoa.net/pt/home, um dos sites que
serviram de base para pesquisa aos estudantes integrantes do projeto.
Abaixo apresentamos uma foto
da página na qual nosso documentário de relatos foi publicado (Figura 1).
Figura 1. Print da página em que o documentário
#RELATOPESSOAL foi divulgado.
Fonte:
Arquivo das pesquisadoras.
Para todos nós envolvidos no
projeto, é uma honra divulgar nossa produção final no site Museu da
Pessoa, site este que traz em suas publicações histórias reais, como as
nossas, as de nossos estudantes, as das mães e a do pai, os quais se sentiram
orgulhosos por saberem que suas vozes agora ecoam muito além da escola onde
construímos nosso projeto.
Assim, podemos
afirmar categoricamente que projetos como o nosso contribuem para diminuir
possíveis abismos construídos entre aluno, professor e sociedade, compreender
novos conceitos em relação à linguagem alheia e o porquê de se falar de tal
maneira. Dessa forma, podemos, sim, ampliar as competências oral e escrita dos
estudantes se estivermos amparados em estudos que colaboram para a inclusão de
todos, como dito por Bagno (2007), em seu livro “Nada na língua é por acaso”:
O mais importante de tudo é preservar no ambiente escolar o respeito
pelas diferenças linguísticas, insistir que elas não são “erros” e até mesmo
tentar, na medida do possível, mostrar a lógica linguística delas. Para isso, é
claro, a professora tem de se preparar, fazer suas pesquisas; reconhecer os
fenômenos que aparecem naquele material e tirar deles o melhor proveito. (p.
125).
Asseguramo-nos em Bortoni-Ricardo
(2008), ao explicitarmos a relevância de nosso projeto, com relação ao
professor pesquisador, pois
O docente que consegue associar o trabalho de pesquisa a seu fazer
pedagógico, tornando-se um professor pesquisador de sua própria prática ou das
práticas pedagógicas com as quais convive, estará no caminho de aperfeiçoar-se
profissionalmente, desenvolvendo uma melhor compreensão de suas ações como
mediador de conhecimentos e de seu processo interacional com os educandos. Vai
também ter uma melhor compreensão do processo de ensino e de aprendizagem. (pp
32-33).
A escola, por sua vez, é um
espaço social. A ideia de projetos bem desenvolvidos em escolas contribui
eficazmente para a construção de eventos educativos ideais que venham de
encontro com a expectativa dos alunos. Não há mais espaço para uma escola
enrijecida na divisão de classes e conceitos que não libertem o aluno e lhe
deem voz. A escola deve ser um espaço de direitos, onde o aluno encontre seu
papel, que deve ser o de protagonista. Nesse contexto, Bortoni-Ricardo (2004)
define essa “divisão de classe” como “domínios sociais”:
Um domínio social é um espaço físico onde as pessoas interagem assumindo
certos papéis sociais. Os papéis sociais são um conjunto de obrigações e de
direitos definidos por normas socioculturais. Os papéis sociais são construídos
no próprio processo de interação humana. Quando usamos a linguagem para nos
comunicar, também estamos construindo e reforçando os papéis sociais próprios
de cada domínio [...] (p. 23).
Nosso trabalho não termina aqui. Foi
compartilhado durante a sua construção com outros professores da área de Língua
Portuguesa e acreditamos que futuramente contribuirá para outras áreas, afinal,
não é só na disciplina de Língua Portuguesa que se fala, lê e escreve.
É de suma importância abraçar a
Sociolinguística Educacional para que, nós professores, tenhamos o compromisso
com uma educação melhor, que valorize os estudantes ao chegarem à escola e que
dê a eles condições de saírem de lá melhores do que chegaram, não só no aspecto
cognitivo e linguístico, mas também nos aspecto humano e social.
Bagno,
M. (2007). Nada na língua é por acaso:
por uma pedagogia da variação linguística. Parábola Editorial.
Bortoni-Ricardo,
S.M. (2004). Educação em língua materna:
a sociolinguística na sala de aula. Parábola Editorial.
Bortoni-Ricardo,
S.M. (2005). Nós cheguemu na escola, e agora? Parábola Editorial.
Bortoni-Ricardo,
S.M. (2008). O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. Parábola Editorial.
Bortoni-Ricardo,
S.M. (2017). Manual de Sociolinguística.
Contexto.
Cyranka, L.F.M. (2015). A
pedagogia da variação linguística é possível. Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. Parábola.
Da
Fonseca, J.J.S. (2002). Apostila de
metodologia da pesquisa científica. Centro de Educação da Universidade
Estadual do Ceará.
Dionisio,
A.P. (2005). Multimodalidade discursiva
na atividade oral e escrita. Fala e Escrita. Autêntica.
Dolz,
J. e Schneuwly, B. (2013). Gêneros orais e escritos na escola. Mercado das Letras, 2013.
Faraco, C.A. (2015). Norma culta
brasileira: construção e ensino. Pedagogia
da variação linguística: língua, diversidade e ensino. Parábola Editorial.
Marcuschi,
L.A. (2004). Gêneros textuais emergentes
no contexto da tecnologia digital. Hipertexto e gêneros digitais. Lucerna.
Miller, S. (2003). O trabalho
epilinguístico na produção textual escrita. Reunião anual da ANPEd 26. https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/1507/o-trabalho-epilinguistico-na-producao-textual-escrita
Palfrey,
J. e Gasser, U. (2011). Nascidos na era
digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Penso Editora.
Soares,
M.B. (2017). Alfabetização e letramento.
Contexto.
Thiollent, M. (2011). Metodologia da pesquisa-ação. Cortez.
[1] John Pafrey e Urs Gasser (2011)
trazem a expressão “nativos digitais” na obra “Nascidos na era digital:
entendendo a primeira geração de nativos”. Os nativos digitais compartilham uma
cultura global comum que não é rigidamente definida pela idade, mas por alguns
atributos e experiências relacionadas a como eles interagem com as tecnologias
da informação, com a própria informação, um com o outro e com outras pessoas e
instituições.
[2] Dionísio (2005) afirma que os
textos multimodais são como documentos que têm sua construção linguística
materializada mediante a integração de maneiras de representação distintas. No
caso dos gêneros textuais escritos, ocorre a junção de signos verbais e
visuais, ou seja, de elementos alfabéticos (letras, palavras e frases) e
elementos semióticos, como, por exemplo, animações, cores, formatos, entre
outros.
[3] Pressupomos que esses alunos temem
sofrer preconceito social ao dizerem a região do país na qual nasceram, por
isso preferiram omiti-la.
[4] Neste artigo, somente apresentamos
o esboço das atividades planejadas e desenvolvidas durante a aplicação do
projeto interventivo. A descrição minuciosa de cada etapa deste esboço pode ser
localizada na dissertação intitulada “Gênero relato pessoal: da valorização da
língua materna: às variedades de prestígio” (2020), de Cláudia Zanata de Oliveira Vasconcelos, apresentada ao Programa de
Pós-Graduação Profissional em Letras – PROFLETRAS – da Universidade do Estado
de Mato Grosso, campus Universitário de Sinop.
[5] Atividade epilinguística é o exercício de
reflexão sobre o texto lido/escrito e da operação sobre ele a fim de explorá-lo
em suas diferentes possibilidades. Dizendo em outras palavras, é a reflexão que
quem escreve ou lê faz enquanto escreve ou lê, para compreender ou atribuir
sentidos ao texto, verificar sua lógica, coesão, coerência, adequação das
categorias gramaticais e ortografia, seja como leitor que precisa entender o
que lê, seja como autor que deseja que seu leitor entenda o que escreve (Miller, 2019).