Território e COVID-19: novas dinamicas e desafios
Resumo
A pandemia do vírus SARS-COV 19, teve origem em Wuham - China - no final de 2019 e espalhou rapidamente pelo mundo, provocando uma mudança radical em muitas manifestações da vida humana.
A contagiosidade do coronavírus, a intensa mobilidade da população, a alta frequência das comunicações -principalmente aéreas-, e a vulnerabilidade ecológica e antrópica, em escala global, favoreceram a disseminação espacial da doença e as altas taxas de letalidade para algumas faixas etárias.
Embora os impactos mais diretos da pandemia se reflitam na saúde da população, eles também revelaram as deficiências dos sistemas de saúde pública e a fragilidade do sistema econômico atual, impactando mais fortemente em países com estes problemas anteriores e com desigualdades sociais internas, ou seja, em países com baixa capacidade de resiliência.
Os novos preceitos sobre o distanciamento social redimensionaram o papel do Estado no planejamento de diversas áreas da esfera social, entre as quais se destaca a gestão dos territórios em diferentes escalas. Assim, foram estabelecidas novas diretrizes para a transferência da população entre as diferentes unidades administrativas (países, províncias, estados, departamentos, municípios) e a reorganização da distribuição de mercadorias através do transporte de carga. Os espaços urbanos, caracterizados pela aglomeração populacional, tiveram que ser repensados "‹"‹com base nas restrições do espaço público, na necessidade de descongestionar o transporte de passageiros, na redução dos ambientes de relações sociais e na utilização do comércio local.
É um desafio para pesquisadores e planejadores territoriais e / ou urbanos de todo o mundo repensar as abordagens teóricas e metodológicas aplicadas até agora sobre densidades urbanas, o significado de sustentabilidade, mobilidade, espaço público, espaços intermediários, habitação e abordagens setoriais já existentes, admitido como desejável em quase toda a literatura territorial desde o final do século XX.
Esta nova realidade exige visões inovadoras de interpretação, planeamento e intervenção territorial, situação que tem levado pesquisadores de várias saberes a darem contribuições a partir de inúmeras perspectivas. As pesquisas sobre as causas e consequências da pandemia COVID-19 extrapolaram o âmbito da pesquisa clínica para dar lugar a uma visão mais ampla, vinculada à saúde pública. Ou seja, com a saúde da população como um todo. Com isso, pesquisas em outras áreas - como as ciências sociais, econômicas, políticas e ambientais, por exemplo - têm permitido reforçar a perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar, tão necessária para uma abordagem abrangente dos problemas.
Do ponto de vista científico e académico, este impulso teve impacto na crescente produção de trabalhos em várias áreas temáticas e de intervenção, como é o caso do ordenamento do território. Por isso, neste dossiê da Revista Proyección nº 28 apresentamos alguns trabalhos que refletem novas perspectivas sobre este problema.
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