Blocos afro do carnaval de Belo Horizonte

Racialidade e organização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48162/rev.48.080

Palavras-chave:

Blocos Afro, Organizações Negras, Práticas Organizativas

Resumo

Buscamos compreender como a racialidade, que é inerente aos blocos afro Angola Janga e Magia Negra no carnaval de Belo Horizonte, Minas Gerais, é mobilizada por meio das práticas organizativas, direcionando o componente racial para a constituição e ressignificação da realidade social. Baseamo-nos em debates sobre a origem dos blocos afro, racismo, práticas organizativas e processo organizativo para considerar os blocos afro como organizações negras que moldam suas práticas no presente, redefinindo a realidade social em que estão inseridos. Utilizamos uma abordagem qualitativa, com um contexto de pesquisa etnográfica, e a análise temática como ferramenta analítica. Os principais resultados destacam seis práticas comuns no cotidiano dos blocos estudados: práticas emocionais, de financiamento, de negociação, de resgate ancestral, territoriais e de construção de saberes. Concluímos que os blocos afro, como Angola Janga e Magia Negra, não consideram a raça como uma prática, mas sim como um princípio organizativo. Destacam-se pela valorização racial e pelo compromisso antirracista, conferindo singularidade a essas organizações. Além de serem focos de resistência cultural e física, são reconhecidos como produtores de conhecimento coletivo, mutável e intimamente relacionado às atividades diárias.

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Publicado

03-07-2024

Como Citar

Rezende, A. F., & Luiz Alex Silva Saraiva. (2024). Blocos afro do carnaval de Belo Horizonte: Racialidade e organização. Estudios Sociales Contemporáneos, (31), 179–204. https://doi.org/10.48162/rev.48.080